Não sei se deveria estar fazendo isso, mas não me importo com o que pode não acontecer, apenas com o que poderia ter acontecido, mas não aconteceu por falta de algo que eu poderia ter feito.
Lembras da primeira vez que nos vimos? Lembro-me como se fosse hoje.
Passei meus olhos apressados por ti, e após passar um pouco de onde estavas, eles retornaram imediatamente a ti, dando-te uma segunda olhada, que foi instantaneamente retribuída por ti. Desviei meu olhar, fizestes o mesmo. Na terceira vez que meus olhos vislumbraram-te, e na segunda que os teus repousaram em mim, sustentamos por alguns segundos aquele olhar que me pareceu tão rápido, e tão demorado. Algo disparou em meu peito...
Chamei-te para uma conversa, respondestes ao meu chamado, conversamos...
Eu não ia sair naquela noite, mas sai, apenas com a esperança de ver-te. E vi-te, mas não retribuías aos meus olhares. Ignoravas-me, é o que fazia. Percebi o motivo, foi chato.
Meses depois lá estava eu, esperando o ônibus num lugar frio e quase deserto. Reparei em um rosto que estava dentro dum ônibus que passava pela minha frente, o rosto era o teu... Sei que me vistes, tanto que por um tempo olhastes pra mim, da mesma forma que olhava pra ti. Eu não sentia mais frio.
No dia seguinte vi neste Orkut uma foto que parecia ser tua, e abaixo dela um nome que lembrei que havias me dito ser teu. Adicionei-te. Aceitastes-me.
Num domingo poucos dias depois, ao sair de uma drogaria com uma caixinha de band-aids na mão, vi-te novamente. Eu ria de uma coisa que uma amiga havia me dito, e quando me vistes tu sorristes tão belamente, com uma expressão que aqueceu-me da mesma maneira que no dia do ônibus.
Fui até o parque Halfeld encontrar um amigo, ele ligou-me e disse que estava no Uni Palace. Desci, e vi-te outra vez, mas não me olhastes da mesma maneira.
Não sei bem como me expressar, mas sinto que cada vez que as luzes de nossos olhos sem encontram elas se comunicam de uma forma que somente olhares sabem explicar... Algo dentro de nossas mentes que se atraem faz com que teus olhos digam coisas aos meus olhos, e que meus olhos digam coisas aos teus olhos, coisas que entendemos sem saber como nem por que...
Dê uma chance aos nossos olhos para se explicarem, deixe os usarem nossos ouvidos, nossas bocas, nossas mãos... Para que não compartilhemos apenas olhares. Para que compartilhemos palavras, idéias, carícias, sentimentos...